Localismo, a Trincheira da Liberdade – parte 1
Fábio Zucco
A Maldição Concretizada
Uma nuvem negra paira sobre a América Portuguesa. A promessa nunca se realizou e, hoje sabemos, jamais se realizará. O país do futuro nunca superou seu passado autocrático e o sonho de liberdade e prosperidade virou o pesadelo de submissão a um poder cada vez mais centralizador e repressor. Contudo, já deveríamos saber. A edificação não pode negar a sua fundação. O Brasil apenas se tornou aquilo para o qual foi projetado. Oportunidades para mudar o rumo da História não faltaram. Não obstante, a principal semente nunca encontrou solo fértil nas terras brasílicas: a Liberdade. E fomos sendo tomados de assalto por governos cada vez mais demagógicos e opressores, enquanto dormíamos gentis e anestesiados no berço da esperança e da dependência estatal.
Explicar como chegamos a isso é tarefa quase impossível. Como um povo se deixa dominar desse jeito? Como se deixa extorquir a esse nível? Como se deixa enganar escancaradamente com promessas de sofistas sabidamente sem escrúpulos? Como pode um povo, geração após geração, repetir os mesmos erros? E o mais importante, como pode esse povo se redimir, virar o jogo e purgar suas instituições estatais de tanta podridão?
Não pode, essa é a questão!
O único Caminho
O Brasil é inviável. E o quanto antes aceitarmos isso, mais rápido encontraremos o único caminho possível para um país verdadeiramente livre e próspero: o separatismo. O Sul será o primeiro, mas outras regiões e estados o seguirão. Há movimentos separatistas em São Paulo, no Nordeste, no Distrito Federal, no Norte e já se fala em separar o nosso celeiro agrícola, o Centro Oeste.
A maldição da qual nunca nos livramos chama-se centralismo. Primeiro era a ingerência da coroa portuguesa, que demandava e era atendida prontamente. Apesar de heroicas resistências terem ocorrido, infelizmente nunca encontraram eco e organização suficiente na massa popular. Depois da independência o centralismo se identificou com a monarquia e com a capital, Rio de Janeiro. Durante quase todo o império grupos políticos se debatiam acerca de maior ou menor autonomia para das províncias. Mesmo que a tese por maior autonomia de tempos em tempos ganhava relevo, e movimentos separatistas reverberassem pelos quatro cantos do país, o centralismo na prática sempre se impôs. Nascia a república com o mesmo estigma: fala-se em descentralização, inclusive na constituição, mas se pratica o mais crasso centralismo.
Então não foi à toa que Getúlio Vargas ficou tão à vontade para impor o seu modelo fascista, centralizador e coibidor da Liberdade por natureza. Chegou a queimar as bandeiras estaduais e proibir os hinos regionais. Ditadura na veia, cerceamento das Liberdades individuais, pois sempre é disso que se trata um governo centralizador. A diferença da Era Vargas e da Ditadura Militar para os lapsos democráticos no Brasil é apenas de escala. A triste verdade é que nunca vivemos numa democracia de fato. O poder sempre esteve tão longe do cidadão! Nunca fomos livres. E essa é a razão também porque nunca prosperamos.
Hoje o símbolo centralizador e repressor é Brasília, muito apropriado e simbólico por sinal, já que seu afastamento geográfico denota bem o afastamento dos governantes em relação aos governados. Longe na tomada de decisões, perturbadoramente próxima nos efeitos nefastos sobre os cidadãos. A carga absurda de impostos deixemos para outro momento. Pois, de fato, o que é mais perturbador é o cerceamento da Liberdade. Em plena era da informação presenciamos uma escalada alucinada rumo à interdição e controle dessa informação, criminalizando opiniões e até frases antes tidas como comezinhas. A opressão crescente de hoje é como irradiação do processo histórico, anátema que cobra o seu preço de um povo que perdeu o momento de lutar pela Liberdade. E agora é tarde!
Subsidiariedade
Muito se discute em torno de questões ideológicas. O movimento O Sul É O Meu País não se envolve nesse imbróglio, e o faz bem. O país que queremos não é pautado por essa ou aquela ideologia, pois o que interessa para o movimento é um país que não repita os erros e males que condenaram o Brasil ao atraso e que o está levando à beira de um regime autocrático. Inspirado em países como a Suíça, mas também tendo fundamento histórico e filosófico no princípio da subsidiariedade, o movimento O Sul É O Meu País projeta um Sul Livre, de administração pública descentralizada, focado no municipalismo, ou como muitos preferem, no Localismo, que é o termo que usarei doravante.
Neste artigo vimos que a liberdade virou artigo de luxo e cada vez mais raro na América Portuguesa. Vimos ainda que isso é o infeliz corolário de um processo que se iniciou na colonização e que os brasileiros não souberam como reverter. No entanto, toda essa desgraça pode ser definida numa única palavra: centralismo.
No próximo artigo vou demonstrar com algum detalhe como o único antídoto para a repressão estatal, a única trincheira possível para defender a liberdade, é o Localismo. As teses liberais na história tiveram um papel importante na luta contra o autoritarismo, e nos deram alguma luz. No entanto, mostraram-se insuficientes e hoje no mundo, e de maneira especial no Brasil, o Liberalismo está perdendo a guerra e governos autoritários grassam pelos continentes, quase sempre camuflados na fachada de democracias. Preocuparam-se os liberais com o tamanho do governo no que tange suas funções, e negligenciaram seu tamanho físico e a dimensão de sua população.
Isso ficará mais claro no segundo artigo sobre Localismo, e como isso no Sul Livre será uma trincheira em defesa da Liberdade.
Viva o Sul Livre!
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