Universidades: O Resgate
Fábio Zucco
Seu filho finalmente completou o Ensino Médio. Melhor dizendo, já completou! Como o tempo passa rápido, né! Parece que foi ontem que você estava batendo cabeça escolhendo uma escola cujo direcionamento pedagógico estivesse de acordo com a formação intelectual e moral que você desejava para seu filho (veja neste link). Muitas eram as opções, uma vez que no Sul Livre não existe um Ministério da Educação centralizador e tolhedor da liberdade de empreendimento privado ou comunitário em educação.
Mas você acertou. Escolheu bem ao optar por uma escola de pedagogia de projetos. A formação de seu filho é intelectualmente consistente e moralmente sólida, algo que você não teve quando estudou em escola pública quando o Sul ainda pertencia ao Brasil.
E agora chegou a hora de seu filho dar o grande passo. O último ano foi estressante para ele, pois lhe rondava a dúvida de fazer um curso técnico de mecânica, aperfeiçoando seus conhecimentos adquiridos na metalúrgica em que trabalha desde os 14 anos, ou ir direto para um curso superior de engenharia mecânica. Vocês conversaram muito a respeito, e você não resistiu e o aconselhou a começar pelo curso técnico. Talvez até para mantê-lo mais tempo perto de você e de sua esposa, quem sabe!
Ocorre que ele decidiu ir para uma Universidade, e você e sua esposa lhe estão dando todo o apoio. E mais, não é mesmo! Irão bancar boa parte do curso superior, já que desde que seu filho nasceu vocês aplicam parte de seus ganhos para esse fim. Sabiam, desde que o Sul se tornou independente, que Universidades públicas seriam uma raridade, como quase tudo o mais que antes era público no Brasil e passou à iniciativa privada. O que resultou, por outro lado, numa carga tributária muito menor e praticamente zeraram as manchetes de escândalos de corrupção. Resumindo, os salários tiveram um enorme ganho real, o que possibilitou um padrão de vida mais alto e, inclusive, projetar o futuro da família.
Contrapartida
Em todo o Sul Livre, somente os munícipes de duas cidades votaram em plebiscito pela implantação de Universidades públicas: Curitiba e Porto Alegre. E em ambas estipulou-se que o egresso deveria prestar um certo tempo de trabalho gratuito para compensar a municipalidade.
Seu filho optou por uma Universidade privada, em Joinville, de grande reputação na área de engenharia mecânica. Sem investimentos públicos, a Universidade passou a contar com grande aporte de empresas privadas, interessadas em ter jovens qualificados. Muitos, aliás, já saem de lá empregados numa dessas empresas. O Sul, que já era forte na área industrial, passou a receber, depois da independência, muitas empresas de todos os setores que para cá vieram atraídas pela baixa carga de impostos, a pouquíssima regulamentação trabalhista e a segurança jurídica, pois as leis deixaram de mudar ou ser interpretadas ao sabor dos interesses de Brasília e seus asseclas. Soma-se a isso a boa infraestrutura, uma vez que a Liberdade política destravou investimentos privados. A mão de obra mais qualificada do que a média brasileira também foi um atrativo. Não obstante, o sulista ainda tinha uma qualificação significativamente inferior a dos trabalhadores dos países desenvolvidos. Novamente, um ambiente livre e desregulamentado fez aflorar, quase que naturalmente, a solução, e surgiram uma miríade de escolas técnicas e Universidades, muitas, como dito acima, subsidiadas por empresas carentes de mão de obra habilitada. A formação superior agora visa atender a demanda do Mercado.
Os cursos na área de humanas e de linguagem, por exemplo, passaram a ser ofertados por Universidade especializados, pois também há demanda para esses profissionais. Só que agora são financiados os projetos acadêmicos que tem real interesse à sociedade, e não, como eram antes da independência, se estavam de acordo com o projeto de poder de Brasília.
Complexidade e alto custo
A historinha ficcional acima visa dar um panorama de como será o ensino superior no Sul Livre, segundo depreendo da proposta de Confederação Municipalista do Movimento O Sul É O Meu País-MSMP. A nação sulista será liberal, capitalista, conservadora e municipalista. O Estado será mínimo e territorialmente descentralizado. As funções da União serão poucas, como a definição da política de comércio exterior, a qual, se espera, seja a mais livre e menos normatizada possível; a moeda; relações internacionais; política imigratória; e talvez alguma coisa a mais. Caberá ao município aplicar a maior parte dos impostos arrecadados e fazer a maioria das leis. Será, então, incumbência dos munícipes decidir por ter ou não Universidades públicas, como já foi proposto (link aqui) no tocante à Educação Básica. Obviamente, dada a complexidade e o alto custo de se manter uma Universidade, somente municípios maiores terão arrecadação suficiente para tal investimento.
Proposta que surgiu em conversas entre patriotas sulistas, é que um benefício social deve ser acompanhado de uma contrapartida do beneficiado. Consta que na Dinamarca quem recebe benefício do governo perde o direito de voto. Aqui proponho que um estudante que cursou o ensino superior subsidiado pela municipalidade, deverá retribuir prestando serviços gratuitos a essa mesma municipalidade. É uma proposta, e caberá a cada município acatá-la ou não, bem como regulamentá-la a gosto de seus legisladores.
Veja, leitor, nos artigos anteriores sobre Universidades, demonstrei como elas surgem no final da Idade Média e logo assumem a missão de desenvolver o senso crítico e investigar o mundo, colocando o fato observado acima das autoridades intelectuais e do discurso ou narrativa dominante. Explanei também como as Universidades públicas brasileiras se desvirtuaram e passaram a adequar o mundo às suas narrativas chanceladoras da manutenção do poder centralizador de Brasília. Agora, busco apresentar o panorama de um Sul Livre cujas Universidades surgem a partir das necessidades e das demandas da sociedade e do Mercado.
Ambição e dedicação
A formação intelectual pleiteia empenho. O mundo cada vez mais exige do jovem uma qualificação sólida para que se torne um bom profissional. Essa é a parte que cabe à família e ao aspirante a ter sucesso na vida profissional: preparo, ambição e dedicação. Cabe, outrossim, à estrutura social, dar-lhe os meios de atingir seu desiderato. Uma sociedade livre dos excessos do aparato estatal, como propomos que seja o Sul Livre, que por si só já é fomentadora do empreendedorismo, cria espontaneamente as condições para uma boa formação intelectual, profissional . . . e moral, pois o jovem se realiza a partir de seu próprio esforço, à margem de qualquer “auxílio” ou dependência estatal.
Viva o Sul Livre – Nação de Esforço Individual
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2 Comentários
Yordan Gums
Parabéns pelo ótimo texto, a elaboração de um cenário ficcional para trazer uma imaginação de como seria tal ideia aplicada a sociedade favorece demais o entendimento e a absorção dos leitores.
Sucesso!
Fábio Zucco
Obrigado Yordan. E é exatamente esse o objetivo do blog, mostrar a triste e distópica realidade brasileira, para em seguida apresentar um panorama imagético, porém bem possível, de como será o Sul Livre sem as amarras de Brasília. Abs