Social

A Alma do Sul

Fábio Zucco

                No dia 5 de agosto deste ano, Ivan Feloniuk, diretor jurídico do Movimento O Sul É O Meu País-MSMP, proferiu uma empolgante e esclarecedora palestra na Câmara de Vereadores de Porto Alegre. Abordou os mais variados aspectos do nosso Movimento independentista, desde a injustificada associação que muitos indevidamente fazem a grupos extremistas e discriminatórios, até a história de repressão dos governos brasileiros às tentativas de autonomia do povo sulista, usurpado desde sempre pelo governo federal. Lembrou ainda, o notório advogado, que o nosso Movimento se abstém de qualquer meio violento, e  que o Sul seria um dos países mais desenvolvidos do mundo, uma vez livre das amarras de Brasília. Não só pelas riquezas produzidas pelo seu povo empreendedor, mas também porque o MSMP tem uma proposta de nação focada no Municipalismo.

Aos 14 minutos de sua incisiva palestra, esclarece Feloniuk:

“Ah, nossos compromissos, os compromissos do Movimento: com a democracia, contra a discriminação de qualquer espécie, a favor de uma consulta popular para saber se queremos essa independência, com uma estrutura administrativa horizontal, em que, e aí faz parte das propostas, a gente tem uma valorização máxima nos municípios, porque é nos municípios que as coisas acontecem. Hoje a gente tem uma União centralizadora e cada vez mais centralizadora . . . .”

Aos 27 minutos ele reforça:

“. . . enfim, a gente quer um país com um povo que valorize sua própria honradez, um país com um povo que se orgulhe de ser honesto, um país com um povo que tenha o sentimento de pertencimento, que tenha um sistema tributário justo, que seja Municipalista, um país com liberdade partidária, com liberdade de expressão . . .”

Confederação Municipalista

                Em muitas de suas conferências, o conselheiro e fundador Celso Deucher igualmente defende o Municipalismo como proposta oficial do MSMP. Este será, inclusive, o mote de seu próximo livro a ser lançado ainda este ano com o título “O País Que Nós Queremos”, que aliás o autor traduz como Confederação Municipalista. Num dos slides de sua palestra tem esse trecho, que provavelmente constará em seu livro:

“O Parlamentarismo e o Municipalismo serão vividos no dia a dia da comunidade local. Cada município será praticamente um país, pois todas as decisões serão tomadas no parlamento municipal. (…) No entanto, a administração e a organização do Estado neste grande país será feita através de uma Confederação Municipalista, onde os municípios terão ampla autonomia para gerenciar a sua vida de acordo com seus usos, costumes e tradições, bem como sua vocação produtiva. . .”

Não bastasse, está escrito explicitamente em nossa Carta de Princípios, no que se refere aos compromissos do Movimento:

COM ESTRUTURA ADMINISTRATIVA HORIZONTAL, ampla autonomia para as diversas comissões regionais, municipais, de bairros e especiais, sem cercear suas iniciativas, desde que não contrariem os princípios inarredáveis do Movimento e as limitações firmadas de comum acordo entre as lideranças pertinentes”.

Day After

                Pois bem, parece-me ser o bastante para deixar claro que o Municipalismo é, sim, a proposta oficial de país do MSMP. E é importante que assim seja, pois podemos pensar o Movimento por dois aspectos principais: a proposta de independência do Sul, com suas justificativas – que são muitas – e a proposta de país que queremos para o Sul Livre. Na verdade, muito se tem falado, escrito, demonstrado e argumentado acerca do primeiro aspecto. Não obstante, há ainda pouco material no que diz respeito ao segundo, ou seja, o modelo de país. Este blog, em virtude disso, foi criado exatamente com o intuito de dar uma pequena contribuição para ajudar a suprir esta carência, sempre partindo do pressuposto que o Municipalismo, que eu prefiro denominar Localismo, é a proposição oficial do MSMP, algo demonstrado acima.

                Ter um projeto de nação é fundamental, pois o sulista que se interessa pela secessão quer saber do day after à independência, ou seja, como será constituído o Sul Livre. Quer saber se não cometeremos os mesmos erros e arbítrios da América Portuguesa. O simpatizante e o ativista querem estar seguros de que temos uma proposta que preservará as liberdades individuais, promoverá o empreendedorismo – marca do sulista -, que respeitará e assegurará a propriedade privada, que a estrutura político-administrativa primará pela participação popular e que terá instrumentos de restrição à centralização do poder. O Municipalismo é a estrutura de governo mais apropriada para apresentar como projeto de respeito aos anseios e tradições sulistas, e, por isso mesmo, não podemos nos privar de expô-lo como proposta oficial, ao risco de, se assim não for, os sulistas não se sentirem seguros de abraçar a causa.

Capilaridade

                A grande riqueza do MSMP é sua capilaridade. Há comissões municipais em todas as principais cidades sulistas, bem como em um número nada desconsiderável de pequenas localidades. A causa independentista é de aceitação quase geral, sabemos. Simpatizantes não nos faltam, buscamos ativistas e visibilidade. Esse é o nosso grande desafio. E para que isso aconteça, a iniciativa das comissões municipais é fundamental. Sempre haverá comissões mais resolutas, ativas e que se destacam. Essas devem contaminar as outras, uma vez que atuem de acordo com os princípios do Movimento.

                É sempre bom lembrar que a horizontalidade é um dos princípios basilares, não só do MSMP, mas da Alma Sulista. A prosperidade do Sul se fez não por iniciativas superiores ou de governos, mas a partir de baixo. Desde as missões jesuíticas até o labor dos imigrantes que aqui com quase nada chegaram, tudo que o Sul tem, tudo que o Sul é, sempre foi a partir da iniciativa de particulares e de pequenos grupos que espontaneamente se organizaram em esforço coletivo para construir um lar melhor para si e para seus descendentes: nós. Respeitar e incentivar iniciativas particulares, uma vez de acordo com os princípios do Movimento, não só é o mais inteligente, pois a descentralização e a delegação de ações sempre será mais produtiva, como é também uma forma de honrar nossos antepassados que construíram o Sul a despeito e, as vezes, até contra o centralismo tipicamente brasileiro.

                A Alma do Sul é o empreendedorismo, que deve ser respeitado, apreciado e estimulado dentro do Movimento. Bem como a gestão horizontal. Mesmo porque seria contraditório se assim não fosse, uma vez que é exatamente a administração horizontal, refletida no Municipalismo, que é a proposta de nação do MSMP.

Viva o Sul Livre – Nação Municipalista

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